Helô Sampaio

Venha que há um carnaval em cada esquina do meu coração

Vamos deixar de conversa mole, apertar o shortinho no bumbum e caminhar pra avenida

Cruz credo, que ressaca! Eu dum bebo mais, juro pelos meus dedos, digo, xuro por tudo... credo, deixa esta jura pra lá.

Vamos falar coisa séria: neste Carnaval estou descontando todos os dias de abstenção do ano. Comprei umas (muitas) garrafinhas de vinho tinto seco e depois das 11 horas, o ‘pau come’, com as irmãs Ana e Carmen virando o copo com a cerveja. Onze é a hora de refrescar a garganta. Ainda bem que as irmãs vão na cerveja e aí o meu vinho rende que é uma beleza.

O carnaval na minha varanda está muito animado, viu, neguinho? Se quiser chegar... será bem-vindo. Os vinhos tintos secos que você trouxer também são bem chegados, he-he.

Fico assistindo a festa pela tevê, rebolando as ancas na imaginação, lembrando dos bons tempos em que eu ia esperar o momo chegar no Campo Grande, e descia com a galera a Avenida Sete tomando todas e mais algumas. Depois, ‘armava a barraca’ com a turma na Praça Castro Alves, usando o Cacique e os bares próximos para abastecer os copos com as ‘louras’. Eh! Tempo bom.

Não me arrependo um gole. ‘Virava todas’ e mais algumas mas sempre chegava em casa ainda ‘inteira’, em pé, viu, língua ferina? Não ficava largada ‘pela estrada’, não.

É, fio, tempo que passa! Hoje, esta coroa fica em casa apreciando a festa pela tevê, tomando vinho, lógico, pois não morri, não, véio. Tô, vivinha e gostosa e boazuda, he-he, pelo menos no meu pensamento, né, neguinho?. E ainda fico apreciando cada movimento dengoso desta cidade agitada pela folia do Momo. Amo Carnaval, amo este agito, este lusco-fusco, este vai-e-vem, este sambalelê na Avenida Sete e na Praça Castro Alves, onde eu ‘armava barraca’ até às cinco, seis horas da manhã.

O difícil naquela época, era ir pra casa depois, ainda com o ritmo do carnaval nos ouvidos, caminhando  aos trancos e barrancos, balançando aqui, ameaçando cair acolá, mas sem largar o copo. E de bar em bar, a gente chegava em paz, pois o carnaval estava em cada esquina. Tempo bom em que éramos muito felizes ‘agitando o pedaço’ com as ‘lourinhas geladas’ ou as ‘batidinhas de Diolino’, dando graças a Momo. Tintim.

Mas o tempo hoje é excelente com festa e animação pra todo lado, alegria em todo lugar com a lourinha ou a batidinha (no meu caso, o vinhozinho), esperando o Momo ir embora para rever os amigos que agora a gente corre o risco de nem saberem quem somos, he-he. Não ligo mais pra ninguém durante as festas. Porque quando ligo, a resposta é sempre a mesma: quem é ‘besmo’ que tá ‘halando’?

Agora vamos deixar essa conversa mole, apertar o shortinho no bumbum e caminhar pra avenida que o Momo está lá esperando a gente para poder desfilar apoteoticamente aplaudido e reverenciado. Afinal, é o rei do pedaço e ordem de rei tem que ser cumprida. Portanto, alegria, alegria. Viva o Carnaval da Bahia.

Antes, forrar a barriguinha para a cervejinha descer redonda. Já pedi a Ariane, minha auxiliar, para dar uma receita gostosa e ela preparou este pudim de bacalhau, que encontrou em um livro meu de receitas, Bacalhau sem Segredos, de Maria Otília. Aventais a postos, vamos para o deliciosos bacalhau. 

Pudim de Bacalhau

Ingredientes

-- 500g de bacalhau
-- 4 colheres (sopa) de margarina
-- 2 colheres (sopa) de farinha de trigo
-- 2 gemas e duas claras batidas em neve
-- 2 colheres (sopa) de uvas passas
-- Uma colher (sopa) de queijo ralado
-- Uma colher (chá) de fermento
--Meio litro de leite.

Modo de preparar:

1 - Cozinhar o bacalhau em leite, escorrer, tirar a pele e as espinhas e desfiar;

2 - Deixar esfriar o leite onde cozinhou o bacalhau e nele juntar a farinha, as passas, as gemas, a margarina e o bacalhau. Misturar tudo;

3 - Bater as claras, acrescentar o fermento;

4 - Untar uma travessa de pirex, colocar o preparado de bacalhau e cobrir com as claras, salpicando com o queijo.

5 - Levar ao forno e depois saborear dançado o frevo e o maracatu, o samba  e culminar com o axé baiano para sacudir a vizinhança toda.

Feliz Carnaval, galera! Vamos pra Avenida balançar o esqueleto com Claudinha Leite e Momo.