A firmeza com que o ministro Luis Roberto Barroso tem reiteradas vezes defendido a inviolabilidade das urnas eletrônicas no Brasil deixou cada um de nós, brasileiros (ou a imensa maioria de nós), absolutamente certo de que os resultados expelidos pelas maquinetas são uma expressão absoluta do desejo do eleitorado.
Ou seja: pode-se violar tudo nesse mundo, menos as urnas eletrônicas usadas no Brasil.
Viva nós!
Pois do alto dessa coluna de confiança ouvimos o ministro Luiz Edson Fachin dizer com todas as letras (em vídeo, portanto sem qualquer chance de termos entendido errado) que "há riscos de ataques de diversas formas e origens", referindo-se ao ciberespaço.
E o ministro continuou (sem apresentar provas, como gosta de repetir parte da imprensa brasileira): "Tem sido dito e publicado que a Rússia é um exemplo dessas procedências".
Ora, senhor ministro! Tem sido dito e publicado todo tipo de bobagens, mentiras, informações falsas, boatos, mexericos, fofocas, disse-me-disse, "fake news". Aí mesmo, no Supremo Tribunal Federal, há uma investigação sobre isso, se não estou equivocado.
Portanto, o que minimamente se espera é que acusações, insinuações e coisas que tais venham acompanhadas de robustas provas. Aprendemos que se não fizermos isso corremos o risco de ser enquadrados aí mesmo, no Supremo. Ou isso não vale para todos nós, brasileiros, supostamente iguais perante a lei?
O senhor não citou expressamente as urnas, mas quando disse que "a guerra no ciberespaço da Justiça Eleitoral foi declarada", naturalmente associamos o alerta às urnas eletrônicas.
Até porque sua fala veio poucos dias antes de sua posse como presidente do TSE-Tribunal Superior Eleitoral.
Faz todo sentido, dessa forma, concluir que seu receio está de alguma forma associado à higidez do pleito que se avizinha (pelos deuses da democracia, diga-nos que estamos errados).
Portanto, para a tranquilidade do eleitorado brasileiro é preciso que o senhor nos esclareça: as urnas, afinal de contas, são ou não são invioláveis?
Porque se o são, a sua preocupação é infundada. Se o senhor está preocupado - e nos deixou com a sensação de que está muito - então há ao menos alguma possibilidade de violação da vontade popular.
Explique isso direito, senhor ministro, para que possamos continuar acreditando no resultado das urnas.